A resistência sul-mato-grossense é uma das peculiaridades que entremeiam a história de Mato Grosso do Sul.
O movimento divisionista tem sua origem nos fins do século XIX, 1889, quando alguns políticos corumbaenses divulgam um manifesto.
A sistematização da pecuária, o desenvolvimento sócio-econômico das vilas e cidades, a exploração da erva-mate pela Companhia Matte Laranjeira e a ligação entro o Sul de Mato Grosso e São Paulo, marcaram a origem do movimento divisionista que foi dividido em quatro grandes fases:
Primeira fase (1889-1930) - há formação das oligarquias sul-mato-grossense que lutam pelo reconhecimento da posse da terra. É nessas lutas, que se manifesta à idéia divisionista. As oligarquias sulinas, nas lutas políticas, uniram-se às oligarquias de Cuiabá e através dessa aliança fizeram oposição armada ao governo estadual e a Matte Laranjeira. Percebe-se, neste período, que era a elite, formada pelos fazendeiros que defendiam a idéia divisionista.
A partir de 1920, as oligarquias sulinas aliam-se aos militares e adotam sugestões de outros movimentos vindos de fora do Estado como forma de fortalecer a causa local. A este fator é somada a regularização das viagens ferroviárias que propiciaram a chegada de novos migrantes, a vinculação do sul de Mato Grosso com a economia paulista, o conseqüente desenvolvimento das cidades exportadoras de gado e a transferência do eixo econômico. Esse quadro, de novos fatores de ordem sócio-econômica e política, traz significativas mudanças no movimento divisionista, o qual extrapola ervais e atingem as cidades exportadoras de gado.
É o início da urbanização do movimento.
Segunda fase (1930-1945) - o movimento começa a organizar-se; as lutas armadas são substituída por pressões políticas junto ao Governo Federal. Em 1932, os sul-mato-grossense aliam-se aos paulistas e lutam na Revolução Constitucionalista. Neste confronto armado os divisionistas e constitucionalistas são derrotados, e o novo Estado desaparece. Essa resolução serviu para divulgar a idéia divisionista e Campo Grande torna-se o centro político de difusão do movimento.
Em 1934, o Congresso Nacional elabora uma nova Constituição. Jovens estudantes fundam a Liga Sul-Mato-Grossense que desencadeia a campanha divisionista no sul de Mato Grosso, coletando Treze Mil assinaturas, com as quais visava sensibilizar os Constituintes para que eles aprovassem a divisão do Estado de Mato Grosso.
Os divisionistas são derrotados, e Getúlio Vargas adota a política nacionalista "Marcha para o Oeste", a qual visava a segurança das fronteiras. Para isso mandou instalar novas unidades militares no Sul de Mato Grosso.
Em 1943, Getúlio Vargas cria o Território de Ponta Porã que não atendeu aos interesses divisionistas, não satisfez a política da Companhia Matte Laranjeira e não agradou ao governo estadual.
A política de Getúlio Vargas foi um dos grandes obstáculos aos objetivos divisionistas.
Terceira Fase (1945-1964) - O novo Presidente da República é o General Eurico Gaspar Dutra, mato-grossense de Cuiabá, adotou uma política de redemocratização. Em 1946 o governo federal extingue o Território de Ponta Porã reintegrando a região ao Estado de Mato Grosso.
Nesse período as iniciativas divisionistas são frustradas e a Companhia Matte Laranjeira mostra desinteresse em reflorestas os ervais.
Quarta Fase (1964-1977) - O golpe de 31 de março de 1964 põe fim a um período de democracia e inicia um regime militar autoritário. Os militares adotam a política do desenvolvimento com segurança.
Nesse período, os políticos divisionistas aproximam-se dos militares e estudam (secretamente) as potencialidades políticas que impediam a divisão de Mato Grosso. Após vários estudos, o Presidente Ernesto Geisel assina em 11 de outubro de 1977 a Lei Complementar de nº 31 que cria o Estado de Mato Grosso do Sul.
"Nunca é tarde, as vezes é apenas cedo demais." - Caio Fernando Abreu
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